terça-feira, 23 de junho de 2009

ETELVINA FOI AO CÉU



Levada ao hospital por um filho, depois de passar mal em casa durante o almoço, dona Etelvina não imaginava que viveria uma experiência única. A pressão arterial caía a cada momento. Rapidamente, dona Etelvina tem uma queda brusca de pressão arterial e o coração pára. Naquela unidade de emergência, todos correm. Preparam drogas injetáveis para reativar a musculatura cardíaca, massagem, desfibrilador, tudo está a postos e já começando a ser usado pelos médicos.

Ali, dona Etelvina, naquele momento, começava uma viagem. Olhava para aqueles médicos e com um olhar terno, parecia saber se despedir daquele corpo. Via tudo, assistia ao movimento dos médicos em reanimá-la. Mas dali já subia, partia para uma viagem a qual não sabia para onde a levaria o destino final.

Rapidamente, como uma fagulha, chegou a um local. Era diferente do alvo que imaginava ir. Será que havia morrido ou ido para o tão falado e temido andar de baixo? Foi para o inferno, o que havia feito a dona Etelvina, esposa, mãe de família, senhora casada, séria, mulher crente em Deus?

Etelvina não estava entendendo nada naquele momento. O lugar era vermelho. Tinha raios de luzes claras, mas era todo vermelho. Um vermelho agradável. Intenso mas agradável. Não lhe dava medo. Apenas estranheza.

Um homem, de voz doce e fala mansa se aproximou da recém chegada.

- Etelvina. Que bom que você chegou aqui. Estava lhe aguardando.

Curiosa e assustada, perguntava:

- O que eu esotu fazendo aqui? Quem é você? Eu morri.

O homem, com um sorriso, lhe disse:

- Não, você não morreu não, Etelvina. Você renasceu. Você está no eterno. Sua vida agora é infinita. Sem dor, sem sofrimento.

Ela volta a perguntar:

- Mas que lugar é esse, então?

Ele diz:

- Aqui é o espaço da misericórdia. A luz vermelha e o vermelho desse local simboliza o coração, o sangue, o amor. A misericórdia é um espaço que recebe poucos irmãos. São poucos os que vem para o espaço eterno. Saiba que você está aqui porque foi uma excelente mãe, uma dedicada esposa. Fostes uma mulher de fé e tens o teu coração recheado de amor. Você está aqui para conhecer esse lugar. Ver que existe um local destinado a receber irmãos especiais. Nem tudo o que te contaram sobre o aqui é igual para todos. Existe o espaço da misericórdia.

- Então eu morri. Mas não tive tempo de fazer algumas coisas, meu senhor. Mas olha, é um lugar tranquilo. Não imaginava que era assim, vermelho. Eu vou ficar aqui, senhor?

- Não, Etelvina. Você vai voltar para a sua vida. Você vai de volta para a sua casa, seu povo, seus filhos, netos. Seu marido está bem. Ele está em outro plano. Você não o verá mais como um marido, porque no plano eterno somos todos irmãos. Não somos mais maridos, filhos, pais. Somos todos irmãos e vivemos na glória. Lá onde ele está é muito bom. Está cumprindo o plano dele. Mas você vai voltar e ficar um pouco mais lá onde você veio. Não sei quando você volta, Etelvina, mas digo que estarei aqui te aguardando para a receber. Etelvina, vá e tenha uma boa viagem.

- Tudo bem. Então eu posso embarcar de volta. O caminho é esse?

- Sim. Vá sempre adiante. A carruagem te espera. Está tudo pronto para você voltar. Adeus, Etelvina. Até um dia. O qual não sei quando.

- Adeus. Seja feliz aqui também. Eu fiquei feliz em te conhecer. Mas vou voltar pra minha casa.

O desfibrilador foi acionado, os remédios injetáveis, entubada. Tudo foi feito como manda a medicina. Do nada, muito de repente, os batimentos cardíacos de Etelvina começaram a bater, de leve. Suspiros e emoções tomaram conta daquela sala de emergência. Por quanto tempo ficou, ninguém sabe. Mas Etelvina voltou. Transferida para um quarto, ali abriu os olhos, e recebeu o carinho de filhos e netos.

Mais uns dias, ela começou a se alimentar sozinha e teve alta. Voltou para casa.
Feliz e emocionada, passou a comemorar dois aniversários. O dia em que nasceu e a data em que renasceu.

Etelvina foi ao céu, e voltou.

Nenhum comentário:

Postar um comentário